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Passei dez dias em Cuba, e foi pouco.

Publicado por Dicas sobre Cuba em

Escrito por: Michelle Domingues

O conteúdo do depoimento é fruto da opinião e da experiência vivida pela autora.

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Esperei muitos anos para ir a Cuba, e voltei literalmente apaixonada por aquela ilha maravilhosa das Caraíbas. É muita coisa para falar, são MUITOS detalhes e coisas que vi e senti.

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Passei dez dias em Cuba, e foi pouco. Quem puder ficar mais tempo, fique. Têm muitas coisas que não consegui ver por falta de tempo.

 

Estive em 4 cidades: Havana, Trinidad, Santa Clara e Varadero.

Havana - 3 dias: é muito pouco tempo, Havana é recheada de museus, restaurantes, praças, monumentos e bairros que requerem mais tempo de permanência;

Trinidad - 2 dias: o ideal são 3 dias para poder desfrutar a vida interiorana e colonial, o som ao entardecer na praça e a Playa Ancón;

Santa Clara - 2 dias: suficiente

Varadero - 2 dias e meio: é pouco também, embora seja apenas porque não dá vontade de sair daquela praia divina...

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Fiquei hospedada nas casas de famílias cubanas em todas as cidades, menos em Varadero, onde fiquei em um resort all inclusive na areia da praia para descansar. Ficar nas casas dos cubanos, é uma opção excelente, pois paga-se bem menos do que em um hotel e ainda se tem a oportunidade de conhecer melhor a vida deles e conversar. Sem contar que a maioria das casas são bem profissionais, parecem bastante com as nossas pousadas: os quartos têm ar, banheiro privativo, frigobar e alguns têm cofre.

 

Mas não precisam se preocupar com assalto, lá não existe isso. Não tem assalto. É impressionante em um país que tem pobreza, tem estrangeiro circulando com dinheiro, mas ninguém assalta. Nada, nada, nada, ZERO assalto.

 

Meu anfitrião em Havana foi a pessoa que me fez sair de lá chorando. Uma das pessoas mais maravilhosas que conheci NA VIDA. Nossa, como aprendi com ele, como fui bem recebida, como ele sabia de TUDO o que estava acontecendo no Brasil, me apresentou a músicas brasileiras que eu desconhecia, e sabia falar sobre TUDO, qualquer assunto. Se eu mostrar a vocês a foto do prédio onde está o apartamento dele em que fiquei hospedada, vocês não vão acreditar, mas foi ali o lugar onde me senti melhor do que em todos os outros, embora seja muito, mas MUITO simples. Meu anfitrião queridíssimo em Havana, o Pepe, me deu de presente, no dia em que eu partia de volta ao Brasil, um livro de Frei Betto em espanhol: "Paraíso Perdido - Viajes por el Mundo Socialista".

Ninguém volta de Cuba igual.

 

A gente passa por uma espécie de troca de pele, de morte e renascimento, não sei explicar. Eu voltei muito impressionada, e confesso que ainda não consegui digerir tudo o que absorvi pelos olhos e pela alma.

 

Havana é uma cidade relativamente pequena, tem cerca de 2 milhões de habitantes e tem muitas casas que estão em ruínas. Mas a cidade está sendo restaurada aos poucos. Há muitos lugares que foram revigorados e a gente vê obra por todo lado. Mas tem coisas muito curiosas de se ver, principalmente nós, que vivemos em um país capitalista.

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A Fábrica de Arte Cubano, no bairro Vedado, é um lugar simplesmente FANTÁSTICO. Imaginem um lugar que reúne arte, cinema, música, boate, gastronomia, exposições, ateliês, tudo junto em um galpão que já foi uma fábrica! Um espaço multidisciplinar riquíssimo, cheio de naves que você descobre quando dobra um dos inúmeros corredores, ultra modernos, e que é um dos lugares mais incríveis que já vi. Foi visitado por vários ícones, como Michelle Obama, por exemplo. 

 

Trinidad: não deixem de ir. Trinidad é uma espécie de "Paraty" de Cuba. Calçamento estilo pé de moleque, casas coloniais dos séculos XVIII e XIX, vários museus e bares, muito mojito e piña colada e uma escadaria que dá na Plaza de la Musica, que é o lugar perfeito para ouvir o som cubano tocado por bandas locais ao cair da tarde e à noite.

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Santa Clara: tem que estar no roteiro de quem quer ver o mausoléu do Che, e isso pra mim era crucial. Mas gostei também de estar em uma cidade que, apesar de ser invadida por turistas, tem uma quantidade enorme de cubanos vivendo suas vidas sem se importar muito com a nossa presença, então lá foi onde vi melhor o dia a dia dos cubanos. Primeiro, fui ao monumento em memória à tomada do trem blindado e outro em homenagem à coluna de Ciro Redondo do Movimento 26 de Julho, que fica no alto de um monte. No outro dia andei até o complexo escultórico onde estão os restos mortais de Che Guevara e dos combatentes que caíram na Bolívia. Dentro do mausoléu e no museu do Che que fica em um anexo, não se pode fazer foto. O mausoléu é muito bonito. Tem uma câmara em meia luz, com uma parede onde estão as gavetas contendo os restos mortais de todos os combatentes e uma pira de onde sai um fogo baixo o tempo todo. Essa pira é a "Chama que Nunca se Apaga" e está acesa desde que os restos mortais de Che foram descobertos na Bolívia e levados para Cuba, em 1997.

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Varadero é outra vibe, na verdade nem parece que a gente está em Cuba. É muito turista, muito rum, aqueles resorts esplendorosos, aquele mar com cores que doem os olhos, aqueles shows de grandes hotéis ao cair da noite...Varadero é o descanso da viagem. É gostoso de ficar, mas não é a Cuba de Havana, de Trinidad e de Santa Clara.

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Mitos que precisam ser derrubados:

 

- Cuba não tem papel higiênico.

Só não tem nas rodoviárias e em alguns banheiros públicos (igual ao Brasil), mas em todas as casas tinha bastante papel e nos restaurantes também. O mesmo vale para sabonetes.

 

- Cuba tem pedintes.

O máximo que fazem é tentar vender alguma coisa ou ficar em cima de você perguntando se quer táxi, mas é só dizer não e pronto;

 

- Cuba não é essa pobreza que falam aos quatro ventos.

Tem pobreza sim, mas não é nada de mais aos nossos olhos. No Brasil tem coisa MUITO pior. E digo mais: a pobreza de Cuba está associada principalmente ao embargo econômico que estrangula a economia e não é sinônimo de violência, o que é um ponto importantíssimo para reflexão. Eles têm pobreza sim, mas não miséria;

 

- A internet é ruim, mas dá para usar o básico.

Mesmo no roaming a internet roda mal. No entanto, a ligação é limpíssima, parece que você tá falando com uma pessoa do seu lado, e não a quilômetros de distância.

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As verdades que a gente ouve falar:

 

- A educação é muito boa mesmo.

Em TODAS as cidades por onde passei, vi aquelas cenas que a gente vê em fotos: crianças andando pelas ruas de uniforme, todas iguaizinhas, mochila nas costas, tênis e meia. Os cubanos recebem educação gratuita e as crianças desde pequenas aprendem dois idiomas além do espanhol. As crianças andam nas ruas livremente, não tem essa de ter medo de deixar filho andar na rua sozinho. Como não há violência, até as crianças andam soltas. 

 

- Cuba é um lugar seguro para turista.

Andei por diversas ruas, várias delas desertas em Havana Vieja e em todas as cidades com todo o meu dinheiro naquela pochete debaixo da roupa, e em NENHUM momento me senti ameaçada ou tive medo, embora muitas ruas não tivessem iluminação pública. Só vi polícia armada em Santa Clara e mesmo assim estavam descontraídos. Em Havana só vi guardas com cassetetes, nenhuma arma de fogo.

 

- Há um cuidado imenso com a preservação do patrimônio histórico de Havana.

Os prédios estão sendo restaurados, as calçadas e monumentos também, e a cidade exala cultura. Havana Vieja é o local onde pude ver isso bem de perto;

 

- A comida é boa;
Quem diz que passou fome quando visitou Cuba certamente não perguntou a ninguém onde comer. Comi bem pagando cerca de 3 CUC (3 dólares) a refeição, e a maioria contendo camarões bem graúdos e comida farta. Mas tem que pedir dicas aos anfitriões cubanos das casas onde se fica hospedado.

 

Cuba é um lugar sensacional !!! Você sai de Cuba, mas Cuba nunca mais sai de você... ❤ Hasta siempre, mi Cuba esplendorosa...

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Michelle é analista de logística no Rio de Janeiro (RJ).

Categorias: Cultura

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